A educação popular em saúde tem como objetivo esco

1 – APRESENTAÇÃO

O Instituto Brasileiro de Ensino, Pesquisa e Extensão para o Desenvolvimento Humano – IBSaúde foi estruturado com o objetivo de trabalhar pela efetivação e melhoria da Saúde  no Brasil, por meio de projetos e parcerias voltadas às produções de saúde, com a participação de gestores, trabalhadores, instituições e comunidade. Além de estar atento aos avanços nas políticas de Seguridade Social do País, compreende a saúde – e as estruturas institucionais que lhe dão um caráter prático - como um processo dinâmico, complexo e em constante transformação. Assim, assume o desafio e o compromisso de educar em defesa da vida, de realizar ações educativas relacionadas aos direitos humanos, utilizando a valorização do potencial dos trabalhadores, dos serviços e da comunidade, transferindo tecnologias que provoquem a autogestão e o desenvolvimento humano sustentável.

Os componentes dessa equipe de trabalho constituem o valor maior do IBSaúde, pois formalizam uma rede de conhecimentos integrada que transversalizam as propostas do Instituto, reunindo um grupo de competências multiprofissional, que trabalha com metodologias interdisciplinar e transdisciplinar, adequada à realidade de cada contexto, contando com Especialistas, Mestres e Doutores, desenvolvendo cada um, em momentos diferentes da sua história, atividades que contribuíram para a construção do campo da educação e da saúde coletiva e reforço da Seguridade Social no Brasil.

Em meio à caminhada histórica da saúde no Brasil, o IBSaúde, empenhado na construção de linhas intersetoriais e transdisciplinares de discussão para a consolidação da Seguridade Social e do SUS, estruturando ferramentas e recursos tecnológicos para a oferta de alternativas aos problemas das diferentes instâncias de gestão, dos profissionais de saúde e das populações, enfatizando a importância da participação popular, da articulação, da educação, da formação e desprecarização do trabalho em saúde, e da organização estrutural do sistema.

Fundamentado no objetivo social que tem por finalidade integrar e consolidar a atuação dos principais agentes de desenvolvimento - setor público, associações, federações e confederações de moradores, movimentos sociais, comunidade empresarial, instituições de ensino e pesquisa, nações indígenas, dentre outros - com vistas a viabilizar uma sociedade tecnologicamente desenvolvida, promove o atendimento de programas e projetos capazes de subsidiar a elevação dos índices de desenvolvimento humano no Brasil.

O IBSAÚDE dedica-se à celebração de termos de parcerias, convênios, contratos, intercâmbios e acordos de cooperação técnica com organismos, instituições e empresas públicas e privadas, nacionais e internacionais, no sentido de potencializar ao máximo as vocações e objetivos das instituições signatárias, dentro do campo de suas respectivas atribuições, abrangendo o ensino, pesquisa e o desenvolvimento de soluções mútuas em tecnologia da informação e na organização, na implementação e na implantação de dispositivos Constitucionais para a Seguridade Social e a Saúde, como forma de contribuir para a melhoria de uma realidade coletiva mais humana e equitativa no País.

O Instituto inicia o ano de 2017 potencializando suas parcerias, reconhecendo e abarcando as questões relacionadas à educação popular por meio do Movimento Popular de Saúde  do Estado de Sergipe – MOPS/SE (CNPJ: 02468085/0001-62), Endereço: Av. Delmiro Gouveira 328, Ap. 103, Bairro: Coroa do Meio – Aracaju-SE – CEP: 49.035-660)  , que nesse projeto desenvolverá ações de relevância pública e social, articulando e fortalecendo grupos de base que lutam pela melhoria da qualidade de vida, defendendo a saúde pública, articulando experiências de práticas culturais e alternativas no território que contribuem, significativamente, para a prática democrática cidadã e a educação libertadora.

O MOPS/SE está organizado: Coletivo de práticas integrativas, culturais em saúde, coletivo de finanças, coletivo de comunicação, coletivo de formação e coordenação geral. Este modelo de organização participativo possibilita uma visão mais ampla sobre a questão de saúde pública, em que a educação é um dos seus elementos definidores e norteadores nas suas ações. Suas atividades são desenvolvidas em diversas áreas, que vão desde a socialização do conhecimento através da multiplicação do saber, a cursos de formação de agentes multiplicadores de saúde.

Em conjunto, IB Saúde e MOPS/SE, estão unidos por um mesmo ideal, que se traduz em ações de educação popular em saúde, contribuindo para a prática democrática, a preservação da cultura e a melhoria da qualidade de vida.

2 - INTRODUÇÃO           

            A educação existe desde que o homem se reconhece como ser humano. A educação se traduz como fonte do saber e, sem sombra de dúvida, está determinantemente ligada ao poder, ao poder de quem está no comando do território, de quem dita ordens e classifica coisas, de pessoas sob outras pessoas, o saber do pai que é transmitido para o filho, na sua profissão, na sua cultura, na sua diversidade de pensamento.  

            A necessidade de compreender e explicar o mundo e os seus sistemas, suas regras e metodologias de funcionamento, obrigam o homem a pensar a educação como sua própria prática dentro de um domínio restrito, este homem chamamos de “Educador”.

            A prática educativa formal tem o seu alicerce na escola, dentro da escola, no saber que é proveniente do “professor”, aquele que educa, mas não gera transformação.

            A educação popular tem a sua base na comunidade, no conhecimento e na cultura do território onde se vive o saber gerado do pensamento adquirido, da troca de experiência e da vivência da realidade.

            É fundamental reconhecer que a Educação popular contribui para ampliar a perspectiva de vida das classes populares, propõe uma relação educativa que vai a busca da formação do homem-pessoa, do ser social comprometido com as causas de seu tempo, insatisfeito, curioso, sonhador, esperançoso e fundamentalmente transformador. Abre espaço de possibilidades de reinvenção do território, do modo como está se vivendo, transformando o mundo e se vincula aos princípios da educação dialógica proposta por Paulo Freire (1987). Revela o homem como um ser histórico, da práxis, que tem em seu saber uma visão crítica, pois se encontra submetido a condicionamentos histórico-sociológicos, uma vez que não há saber sem busca inquieta, sem a aventura do risco da criação.

            A Educação popular explicita o lado político da educação e ganha um caráter de classe, na medida em que questiona a forma como as relações de poder que sustentam a sociedade capitalista reproduzem-se na educação bancária e que orienta as atividades para a construção de um projeto histórico nacional voltado para a criação de uma sociedade justa e igualitária, enfatizando a solidariedade de todos os setores que possam compartilhar esse projeto. Podemos dizer que “os projetos de Educação popular são os que implicam ao mesmo tempo maiores desafios e maiores potencialidades, tanto educacionais como sociais” (WERTHEIM, 1985).

            Sendo assim, apresenta-se para o setor saúde a Educação Popular, que tem seu direcionamento voltado para o processo histórico dessa Educação que se constitui como elemento inspirador de formas participativas, críticas e integrativas de pensar e fazer saúde, seus conhecimentos técnicos, metodológicos e éticos que são significativos para o processo de melhoria da qualidade de vida. Os movimentos sociais e coletivos vêm promovendo reflexões, construindo conhecimentos e ações num processo de dialógico entre serviços de saúde, movimentos populares e espaços acadêmicos, para contribuir com a consolidação de um projeto de sociedade mais justo e equânime. Dessa forma a Educação Popular em Saúde tem seu referencial teórico na Educação Popular, contextualizando esse modo de pensar e produzir saúde e sua relação com as práticas de cultura e existência do ser humano.

            Ressalta-se assim que a Educação Popular em Saúde pressupõe o conhecimento como produção histórico-social dos sujeitos construído a partir do diálogo. “O diálogo é o encontro dos homens mediatizados pelo mundo para pronunciá-lo, não se esgotando, portanto na relação eu/tu e por seu inacabamento o sujeito está sempre se construindo mediatizado pelo mundo” (FREIRE, 1996). O diálogo pressupõe o amor ao mundo e às pessoas, a crença na natureza de ser mais do ser humano, a esperança e o reconhecimento das diferenças sem negá-las, contudo promovendo sua compreensão.

            A Educação Popular em Saúde constrói sua singularidade a partir da contraposição aos saberes e práticas autoritárias, distantes da realidade social e orientadas por uma cultura medicalizante imposta à população. Contudo, não se contrapõem nem ambicionam sobrepor o saber científico e sim agir compartilhada e dialogicamente com as práticas profissionais de saúde instituídas no SUS (PNEPS, 2012). O jeito de fazer saúde acumulado tradicionalmente nas formas populares de cuidar, denominadas práticas populares de cuidado, tem demonstrado possibilidades de construção de processos de cuidado dialógicos, participativos e humanizados, acolhedores da cultura e do saber popular. Configuram-se em um processo de criação e aprimoramento de caminhos para um fazer em saúde capaz de reconhecer o ser humano em sua totalidade, comprometida com a transformação da sociedade, o enfrentamento das iniquidades e com a emancipação dos sujeitos. As práticas populares de cuidado, enquanto práticas sociais ocorrem no encontro entre diferentes sujeitos e se identificam com uma postura mais integradora e holística que reconhece e legitima crenças, valores, conhecimentos, desejos e temores da população. Constituem-se por meio da apropriação e interpretação do mundo pelas classes populares, a partir da sua ancestralidade, de suas experiências e condições de vida, contemplando a escuta e o saber do outro na qual o sujeito é percebido em sua integralidade e pertencente a um determinado contexto sociocultural. Estas práticas são desenvolvidas por diversos atores em distintos espaços, desde o espaço familiar, comunitário e mesmo institucional. Entre os muitos exemplos das práticas populares de cuidado e de seus atores podem ser citados raizeiros, benzedeiros, erveiros, curandeiros, parteiras, práticas dos terreiros de matriz africana, indígenas dentre outros. (PNEPS/2012)

            O Brasil que se descobre entre a diversidade por meio da educação popular é o Brasil das desigualdades e das diferenças, que só podem ser dirimidas por meio de ações concretas que impactem o cotidiano do cidadão com atitudes que falem a sua realidade e condição de vida. 

3 - JUSTIFICATIVA

A Educação Popular em Saúde se apresenta nos últimos anos como a ponte para o enfrentamento das desigualdades e iniquidades no Brasil, que tem suas especificidades distribuídas por todo o território brasileiro.

Alguns Estados por sua conjuntura e território caminharam à frente da educação popular em saúde, ampliando horizontes, construindo saberes e vivenciando culturas. O nordeste, mas precisamente, Sergipe, apresenta necessidades distintas no que diz respeito a condutas relacionadas à saúde e a educação. Essas duas políticas públicas quando se encontram e se mesclam, são de uma grandiosidade e riqueza sem prerrogativas. Sergipe, através do MOPS-SE, encontrou o direcionamento conjunto dessas duas políticas, construindo um trabalho de repercussão nacional aonde o MOPS/SE conduz a educação popular em saúde e trabalha o fazer por meio do saber popular, da cultura e da diversidade territorial.

O IB Saúde percebendo a importância do trabalho construído pelo Movimento Popular em Saúde em Sergipe, por meio da educação popular em saúde, pretende apresentar a gestores profissionais de saúde e usuários do sistema o trabalho realizado pelo MOPS, além de implantar, com o apoio da Secretaria Estadual de Saúde do Rio Grande do Sul e da UNESCO um trabalho semelhante ao desenvolvido em Sergipe.

Assim como o nordeste o sul também prima por particularidades em seu território, sua cultura e em seu saber popular, que podem ser percebidas e descobertas a luz da educação popular em saúde, num trabalho de troca de conhecimentos e aprimoramento das ações estabelecidas pelos movimentos populares da região.

Nesse sentido o projeto se mostra qualificado por apresentar estreita relação com a diversidade, a cultura e as iniquidades que estão presentes em todas as regiões do País. Oportunizará a gestores o olhar para a necessidade da educação popular em saúde nos serviços de saúde, assim como possibilitará aos movimentos sociais e profissionais de saúde a perspectiva de mudanças por meio do reconhecimento da realidade e a necessidade de transformação desta, contribuindo, assim, para a melhoria da qualidade de vida. 

4 – OBJETIVOS

4.1 – Objetivo Geral

  • Implantar e ou implementar no Rio Grande do Sul uma estrutura de Educação Popular em Saúde, que articule as práticas, os saberes e a cultura popular, direcionados para a melhoria da qualidade de vida.  

4.2 – Objetivos Específicos

  • Resgatar saberes e práticas populares da região sul ;
  • Trocar experiências entre nordeste e sul sobre educação popular em saúde;
  • Abrir perspectivas de trabalho com práticas integrativas e populares de saúde;

5 – METODOLOGIA

O referido projeto é dividido em quatro etapas.

1ª Etapa: Oficina de trabalho entre atores do IB Saúde, Gestor Estadual do Rio Grande do Sul e Movimento Popular de Saúde de Sergipe, representação de cada região do país da Articulação Nacional de Educação Popular em Saúde e UNESCO, para elaboração de proposta de educação popular em saúde no Rio Grande do Sul.

2ª Etapa: Apresentação da proposta a gestores municipais, movimentos sociais, estudantes, professores e profissionais de saúde, com construção coletiva da proposta e elaboração conjunta de agenda de trabalho e inserção das ações nos serviços de saúde.

3ª Etapa: Monitoramento da agenda de trabalho construída.

4ª Etapa: Avaliação do processo de implementação da agenda de trabalho.  

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

  • FREIRE, P Pedagogia do oprimido. 17. ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1987.
  • __________. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa. 10. ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1996.
  • MINISTÉRIO DA SAÚDE. Portaria nº 2.761, de 19 de dezembro de 2013. Institui a Política Nacional de Educação Popular em Saúde. Acesso: 21 de fevereiro de 2017. Disponível em: http://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/gm/2013/prt2761_19_11_2013.html
  • WERTHEIN, J. (org.) Educação de Adultos na América Latina. Campinas/SP: Papirus, 1985.